O dia em que Dada subiu na torre: uma lembrança de 1997 em São José do Belmonte


Era o ano de 1997, em São José do Belmonte, Sertão profundo de Pernambuco, quando um homem, desesperado e ao mesmo tempo astuto, comoveu toda a cidade com um gesto extremo. Ele não era apenas um cidadão angustiado — era também um homem de coragem, estratégia e sabedoria. Naquele dia, ele transformou a dor em espetáculo, e o grito de socorro em clamor coletivo.

Ele escalou a torre da cadeia, uma das mais altas da cidade, com a experiência de quem sabia lidar com ferragens. Vestia várias camisas e, a cada frase que soltava do alto, despia-se de uma — e também de um pedaço de sua alma.

“Eu não aguento mais ver tanta injustiça!”, gritava lá de cima, enquanto o vento levava sua voz pela cidade inteira. E, com cada camisa lançada ao chão, deixava uma exigência: “Quero o prefeito aqui!”, “Chamem o juiz!”, “Tragam o padre!”. A multidão se formava aos pés da torre, em silêncio, olhos erguidos, corações apertados.

A cidade parou. Comerciantes fecharam as portas. Crianças subiram em muros. Homens e mulheres choravam. Aquele homem não queria morrer, ele queria ser ouvido.

Depois de longas horas de tensão e promessas firmadas, ele decidiu descer. Com vida. O então prefeito, José Lopes Diniz Barros, e o juiz, Dr. Francisco Di Assis Timóteo, estavam presentes e garantiram apoio. O homem recebeu a assistência que tanto clamava. Mas, mais que isso, deixou uma lição que ecoa até hoje: por trás de todo ato de desespero, há um pedido de socorro que precisa ser ouvido com urgência e humanidade.


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