HÁ 108 ANOS, BELMONTE CELEBRAVA O CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817



No dia 6 de março de 1917, há exatos 108 anos, o município de Belmonte (hoje São José do Belmonte) protagonizou uma grandiosa e solene comemoração cívica em homenagem ao primeiro centenário da Revolução Pernambucana de 1817. A celebração reafirmou o orgulho e o compromisso do povo belmontense com os ideais libertários que marcaram a história de Pernambuco e do Brasil.

O evento foi minuciosamente organizado por uma comissão composta por figuras ilustres da época: o juiz municipal Dr. Felisberto dos Santos Pereira, o vigário da Freguesia de Belmonte Padre Joaquim de Alencar Peixoto e o então prefeito local Coronel José de Carvalho e Sá Moraes. A solenidade não só exaltou o feito revolucionário de 1817, como também marcou a fundação de uma nova instituição educacional na cidade: a Escola Barros Lima, batizada em homenagem a um dos mártires do movimento.

UM EVENTO MARCANTE NOS ANAIS DA HISTÓRIA

Realizada no edifício do governo municipal, a sessão magna atraiu uma multidão e foi registrada nos jornais da época, incluindo o Diário de Pernambuco, que publicou o relato no dia 19 de abril de 1917. A cerimônia contou com discursos de personalidades influentes, como o próprio juiz municipal, que abriu os trabalhos saudando o centenário da revolução, e o padre Joaquim de Alencar Peixoto, cujo discurso inflamado empolgou a plateia e arrancou aplausos entusiasmados.

A noite foi abrilhantada ainda por apresentações musicais de uma orquestra e recitações de poesias patrióticas, incluindo "A Bandeira", de Manuel Duarte, e o Hino da Proclamação da República, com letra de Medeiros e Albuquerque.

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817: UM MARCO NA LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

A Revolução Pernambucana de 1817 foi um dos mais importantes movimentos de resistência contra o domínio português no Brasil. Iniciada em 6 de março daquele ano, essa revolta republicana estabeleceu um governo provisório que durou setenta e três dias, tornando-se um precursor direto da Independência do Brasil em 1822.

O movimento foi liderado por diversos patriotas, entre eles José de Barros Lima, militar recifense que ficou marcado na história ao resistir à prisão imposta pelo brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro, a quem matou com sua espada. Esse ato deflagrou a revolta, mas, após a derrota do movimento, Barros Lima foi capturado e brutalmente executado, tendo seu corpo exposto como forma de represália por parte das forças reais.

Cem anos depois, seu nome foi imortalizado na Escola Barros Lima, fundada em Belmonte como símbolo de resistência e educação para as gerações futuras.

O LEGADO DA REVOLUÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA HOJE

A Revolução Pernambucana de 1817 permanece viva na memória histórica de Pernambuco, sendo reconhecida como a Data Magna do estado. Sua bandeira inspirou a atual bandeira pernambucana, símbolo de um povo que nunca deixou de lutar por liberdade, justiça e soberania.

Ao relembrarmos a celebração de 1917 em Belmonte, resgatamos não apenas um evento marcante na história local, mas reafirmamos o valor do conhecimento e da memória coletiva como ferramentas essenciais para a construção do futuro.

Que as novas gerações possam olhar para a história com orgulho e inspiração, mantendo acesa a chama dos ideais republicanos e democráticos que nossos antepassados tanto lutaram para conquistar.

Por Valdir José Nogueira de Moura

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