Festa do Padroeiro: Paroquianos
de São José do Belmonte/PE celebram São José. Conheça a origem da festa
religiosa mais antiga do município.
A doação do Patrimônio de São José do Belmonte, nos idos de
1856, a qual deu origem ao Distrito Policial, ao Distrito de Paz e depois ao
município – sede da Comarca de São José do Belmonte – está envolta em bonita
tradição, em poética história.
O português José Pires
Ribeiro, natural da Vila de Belmonte
em Portugal nos finais do século XVIII casou com Ana Maria Diniz filha do português Manoel Gomes dos Santos e Maria
Águida Diniz proprietários da fazenda
Inveja, localizada na Comarca de
Pajeú de Flores, Província de Pernambuco. Maria Águida Diniz era filha dos
proprietários da Fazenda Panela D’Água
em Floresta do Navio.
Depois do casamento, o casal José Pires Ribeiro e Ana Maria
Diniz (também conhecida como Ana Gomes) passou a residir na Várzea da Fazenda
Inveja. De Portugal o Sr. José Pires Ribeiro, devoto fervoroso de São
José, trouxe consigo uma pequena imagem
de São José de Botas ainda hoje
existente e sob a guarda de Ana Maria Alencar de Carvalho que a herdou da sua
avó Donana (Ana Pires Brandão) da fazenda Oiticica.
Com a morte do português Sr. José Pires Ribeiro no ano de
1829 seus bens e parte do extenso latifúndio da Inveja foram divididos entre
seus filhos: a filha Manoela Maria de Jesus que era casada com José Alves de
Carvalho e Sá, coube a fazenda Santa Cruz; a filha Ana Joaquina do Amor Divino
(Donana) que era casada com Manoel de Carvalho Alves, coube a fazenda Queixada
(Mirandiba); a filha Francisca Maria de Jesus, esposa de Jacinto Gomes dos
Santos, coube a fazenda Lagoa; a filha Rita Rosa de Jesus, esposa de Roque
Pires Brandão, coube a fazenda Oiticica; a filha solteira Maria Gomes dos
Santos herdou parte da fazenda Várzea; o
filho José Pires Ribeiro (que tinha
o mesmo nome do pai), esposo de Antônia Teodora da Assunção, herdou a pequena
imagem de São José e a fazenda Maniçoba. A outra parte dos bens ou seja a
metade ficou para a viúva Ana Gomes que herdou parte da Várzea e a Fazenda
Nova, onde outrora existia a casa-de-vivenda do antigo latifúndio da Inveja.
Nos idos de 1855 a 1856 as fazendas e povoados do sertão
foram assolados pela Cólera Morbus,
doença infecto contagiosa que grassara na Província de Pernambuco. Foi nessa
situação perigosa e incerta, nesses transes de amargura e desespero, com medo
que a fazenda Maniçoba fosse atingida pelo pavoroso mal que José Pires Ribeiro
se lembrou de fazer uma firme promessa a São José, santo de seu nome e de sua
particular devoção. Tal promessa consistia em doar um patrimônio nas terras da
Fazenda Maniçoba, onde se ergueria uma cruz, se construiria uma capela e se
iniciaria uma vila, se o Santo o livrasse da terrível situação em que se
encontrava. Logo em seguida à prece e promessa, quando ainda prostrado diante
da pequenina imagem de São José, humildemente, suarento e desolado, José Pires
invocou o Santo Operário.
São
José da Fazenda Oiticica, Primitiva Imagem do Padroeiro de São José do Belmonte
PE.
Ora, passado então o surto epidêmico nenhum caso foi
registrado na fazenda Maniçoba. José Pires Ribeiro e sua mulher Antônia Teodora
da Assunção fizeram a prometida doação datada de 1 de setembro de 1856.
Ergueu-se depois uma cruz e construiu-se tosca capelinha em local, onde se
encontra hoje a Igreja Matriz de São José. Com a benção poderosa de São José
estava portanto doado o patrimônio que tomou o nome de Belmonte e cuja
existência se deve evidentemente ao Sr. José Pires Ribeiro, seu fundador.
Para a construção da
capela votiva, Pires Ribeiro havia encarregado o franciscano capuchinho Frei Cassimiro de Mitelo para iniciar a
sua construção.
O ano de 1857
marca a data da fundação do Povoado do
Belmonte com a construção da Capela
de São José e a realização da primeira festa do nosso Padroeiro realizada
através de um Tríduo presidido pelo Padre
Manoel Lopes Rodrigues de Barros.
O fundador de Belmonte faleceu no dia 1 de janeiro de 1862
conforme transcrição do seu óbito a seguir:
A “1 de Janeiro de
1862, faleceu da vida presente de hidropisia, tendo recebido os sacramentos, o
Sr. José Pires Ribeiro, branco com idade de 50 anos, casado com dona Antônia
Teodora d’Assunção, morador de Belo Monte e sepultado na Capela de São José em
Belo Monte e encomendado pelo reverendo Gregório de Sá Barreto. Para constar
fiz este assento. O vigário: Manoel Lopes Rodrigues de Barros”. (Livro de
Óbitos n° 2, fls. 94/V – Paróquia de Nossa Senhora da Penha de Serra Talhada).
O povoado passou a se chamar de Belmonte numa justa homenagem ao pai do fundador o Sr. José Pires
Ribeiro que era natural da Vila de Belmonte
em Portugal.
Valdir José Nogueira de
Moura
1 Comentários
Parabéns por descrever essa belíssima história da cidade.
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