Dr. Evaldo deixa Dr. Bartolomeu de lado e faz aliança com o ex-prefeito Batista em Mirandiba



A política de Mirandiba nunca foi morna. O poder local sempre se manteve entre as mãos de poucos, alternando-se em alianças e rompimentos que moldaram a história recente do município.

Hoje, o cenário vive um verdadeiro choque térmico político — um embate silencioso, porém intenso, entre Dr. Bartolomeu Carvalho e Dr. Evaldo Bezerra, dois nomes que caminharam lado a lado por mais de uma década e agora se encontram em lados opostos.

Dr. Bartolomeu Carvalho iniciou sua trajetória política vindo da antiga base do ex-deputado Nelson Pereira, que por anos exerceu forte influência em Mirandiba e no Sertão Central.

Em 2008, Bartolomeu foi eleito prefeito pelo grupo do ex-deputado Inocêncio Oliveira, através do Partido Liberal (PL), que na época mantinha coligação com a esquerda nacional.

Com estilo técnico e postura moderada, conseguiu ampliar sua base e consolidar liderança própria.

Após a saída de Inocêncio da vida pública, Bartolomeu se filiou ao PSB de Eduardo Campos, mantendo-se no comando do município por dois mandatos consecutivos (2008–2016).

Durante esse período, surgiu e ganhou força o nome de Dr. Evaldo Bezerra, seu vice-prefeito e aliado fiel, que se tornaria o herdeiro político natural do grupo.

Com o fim da gestão de Bartolomeu, a eleição de 2016 abriu espaço para a vitória da oposição.

Rosecléia, apoiada por Batista, derrotou Dr. Evaldo, interrompendo o domínio do grupo.

No entanto, a gestão de Rosecléia foi marcada por desgastes e insatisfação popular. O apoio de Batista logo se transformou em decepção, e a ex-prefeita perdeu o controle da base política.

Em 2020, Bartolomeu decidiu não voltar ao cargo, mas apostou novamente em Dr. Evaldo como seu candidato.

Do outro lado, Rosecléia lançou Natinho do Sindicato, um nome jovem, porém a gestão sem força e sem confiança, fez Natinho naufragar em duas eleições seguidas.

O resultado foi uma vitória expressiva de Dr. Evaldo Bezerra, que devolveu ao grupo o comando de Mirandiba.

Reeleito em 2024, Dr. Evaldo consolidou seu espaço como um líder de perfil conciliador, mas o ambiente político começou a mudar rapidamente.

Com a chegada de um novo cenário estadual — marcado pela disputa entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB) —, as alianças locais começaram a se dividir.

Dr. Bartolomeu, fiel à tradição socialista, decidiu seguir com João Campos, herdeiro político de Eduardo Campos, de quem foi aliado por muitos anos.

Já Dr. Evaldo, atraído por aproximações do Palácio do Campo das Princesas, rompeu com Bartolomeu e se alinhou à governadora Raquel Lyra, que em Mirandiba sempre teve o apoio do ex-prefeito Batista — o mesmo que já foi seu maior adversário.

Bartolomeu e Evaldo, antes aliados inseparáveis, hoje caminham em campos opostos, e o velho adversário Batista se tornou o novo parceiro do poder.

Mirandiba volta a ser palco de uma disputa simbólica que reflete o próprio espírito da política sertaneja — feita de alianças, rompimentos e sobrevivência.

Entre Bartolomeu e Dr. Evaldo, o tabuleiro foi novamente redesenhado.

O que era um projeto conjunto virou um campo de faíscas, onde o poder segue sendo o combustível principal.

E, como sempre, em Mirandiba, o fogo da política nunca apaga — apenas muda de direção.


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