Por um imperativo de cidadania, devemos recordar os nomes dos
vultos da nossa História, aqueles que contribuíram, pela força das suas
convicções e pelo vigor dos seus princípios, para a afirmação e consolidação do
progresso e desenvolvimento de São José do Belmonte.
Lembrando o Sr. Vicente
de Souza França, evocando a memória do belmontense e líder político, do
homem de convicções e de princípios, homenageado com o nome da Casa do
Legislativo local. A homenagem aconteceu meses depois ao seu falecimento, ou seja,
na 4ª Sessão da Câmara Municipal de São José do Belmonte, em 1° de maio de
1971, de acordo com o requerimento apresentado pelo vereador Pedro Donato de
Moura, tendo entrado em votação e aprovado, sendo transformado em resolução: “Lei n° 406/71: A Câmara de Vereadores de São José do Belmonte
passará a denominar-se CASA VICENTE DE SOUZA FRANÇA. Assinaram os
vereadores: Hamilton Campos Bezerra (Presidente da Câmara), Pedro Donato de
Moura, Epaminondas Barbosa da Silva, Saturnino Ancilon Alves, Moacir Nunes de
Carvalho, Cipriano Mariano da Cruz, Aristeu Pires de Menezes, Francisco
Gonçalves Lima e João Nunes de Carvalho. Na sessão solene e descerramento de
placa, com o plenário lotado, Vicente se Souza França foi lembrado nos
pronunciamentos de líderes partidários no Legislativo pela sua passagem por aquele poder como
Legislador e homem público. Posto que, foi na Câmara de Vereadores de São José
do Belmonte, prédio que leva o seu nome, que Vicente de Souza França, deixou
definitivamente seu nome marcado na política municipal tendo sido eleito
vereador por seis vezes consecutivas. Na ocasião em que foi eleito e empossado
Presidente da Câmara Municipal, nessa condição, assumiu, em 25/01/1969, o cargo
de Prefeito Municipal (interino), em substituição ao Prefeito cel. José Alencar
de Carvalho, e ao seu Vice-Prefeito, Sr. Leônidas Pereira de Menezes, que
solicitaram afastamento temporário, exercendo aquelas funções até o dia
31/01/1969, quando retornou à Câmara.
Cabe aqui recordar, que o Poder Legislativo Municipal de São
José do Belmonte funcionou em diversos imóveis ao longo dos anos. Os principais
foram um armazém localizado na antiga Rua Dr. Manoel Borba (Rua das Pedrinhas),
pertencente ao Sr. João Pedro Xavier, outro armazém situado na Praça Pires
Ribeiro, pertencente ao Sr. João Batista Frutuoso de Pádua, e no Salão Nobre
(hoje não mais existente) da Prefeitura Municipal. Desde princípios da década
de 1980 ela está instalada no número 26 da Rua Antônio Xavier Sobreira. O
Plenário denomina-se “Cipriano Mariano da Cruz”, em homenagem a um antigo
vereador belmontense.
Durante a atuação como parlamentar do Sr. Vicente de Souza
França, em profícuo trabalho desenvolvido na Câmara de Vereadores de São José
do Belmonte, foram centenas as indicações, requerimentos, projetos de lei,
dentre outras matérias de interesse da população, algumas dessas ações merecem
destaque:
Na “13ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Manissobal,
Estado de Pernambuco, realizada no dia 13 de setembro de 1948, na ata da dita
sessão consta o requerimento de autoria do vereador Vicente de Souza França
sobre a criação do 5° Distrito com sede no povoado do Carmo”.
Através de outro requerimento de autoria do mesmo vereador, e
registrado em ata do dia 16 de setembro de 1948, uma solicitação para
construção de um prédio no Povoado do Carmo para abrigar o Comissariado de
Polícia.
Seu Souza apreciava a política partidária, sendo sempre fiel
a seus valores de origem e tradições. Cumpridor ferrenho dos seus compromissos
de parlamentar, por várias vezes, para participar das reuniões na Câmara de
Vereadores se deslocou do Carmo a cavalo em virtude das grandes cheias do
riacho do Cristovão, durante os rigorosos invernos. Naquela época, os
vereadores não recebiam subsídios, tendo que se reunir quinzenalmente
ordinariamente e quando necessário, eram convocados extraordinariamente para
deliberarem pautas que requeriam urgência.
O Sr. Vicente de Souza França conhecido também por “Seu
Souza” foi um grande lutador pela alfabetização de crianças e jovens, tendo
permitido, por muito tempo, que parte de sua moradia se transformasse em sala
de aula. Grande baluarte do Povoado do Carmo, também se dedicou bravamente pela
luz elétrica, pelo açude e pela estrada nova daquela comunidade.
Em 129 anos da vida política e administrativa de São José do
Belmonte, alguns personagens marcaram sua passagem pela História do município.
A política partidária faz parte da vida de todos pela sua interferência direta
nos destinos de uma comunidade e nessa área algumas pessoas conseguiram deixar
marcas para sempre na história de suas cidades. Entre tantos que passaram pelo
Executivo e pelo Legislativo Municipal de Belmonte, alguns marcaram
positivamente essa passagem pelos cargos que ocuparam, pela sua forma de atuar,
pelo seu poder de decisão e interferência na vida política, e em consequência,
nos destinos do município. Entre esses personagens da vida política de Belmonte
o nome de Vicente de Souza França tem espaço de destaque por vários aspectos,
hábil negociador, sabedoria política, liderança local e regional, idealizador,
fundador e dirigente partidário, resistência em tempos de crise, das periódicas
e aterrorizantes secas e fidelidade ideológica. Além da capacidade política,
Seu Souza ocupou outras funções públicas em Belmonte em cargos de confiança de
administrações municipais e ainda foi comerciante, agricultor, atacadista de
cereais, mamona e algodão e nos primeiros tempos do povoado do Carmo, abriu a
primeira farmácia daquela localidade que por muitos anos prestou os primeiros socorros
aos seus habitantes e de toda aquela ribeira, pois era a única referência em
saúde disponível no referido povoado e redondeza.
Era da gema da família Pereira, sendo bisneto de Antônio
Pereira da Silva, do Campo Alegre e trineto do lendário José Pereira da Silva,
fundador do numeroso clã na ribeira do Pajeú.
Os Pereiras estiveram no poder logo na origem do município de
Belmonte, e numa sequência de grandes líderes dessa família no município,
percorrendo várias épocas tivemos, na fase da monarquia o Capitão Cassiano
Pereira da Silva, e na fase republicana: José Sebastião Pereira da Silva (1°
Prefeito de Belmonte), José Pereira de Aguiar, Manoel Pereira Lins (Né da
Carnaúba), Vicente de Souza França e João Pereira de Menezes (João de Ciba).
Vicente de Souza França nasceu em 12/08/1902. Era filho de
Luiz de Souza França e Agostinha Pereira de Souza, foi casado duas vezes, a
primeira em 11/02/1922 com Pastora Maria de Souza (filha de Antônio Pereira de
Souza e Filomena Gomes de Sá), e a segunda com Verônica Ferraz da Silva (filha
de João Barbosa da Silva e Maria Veneranda de Souza Ferraz). Filhos do primeiro
casamento (foram 8): 1- Afonso Pereira de Souza, 2-Josefa Pereira de Souza
(casada com José Pereira de Souza, filho de Joaquim Pereira de Souza e Raimunda
Pereira de Souza), 3- Luiz Pereira de Souza (solteiro), 4-Filomena Pereira de
Souza (solteira), 5-Maria de Lourdes Pereira Terto (casada com Hermes Pereira
Terto, filho de Vicente Alves Terto e de Ana Alves de Souza), 6-João Pereira de
Souza (casado com Anair Pereira de Souza, filha do segundo casamento de Afonso
Araújo com Francisca Gomes de Sá), 7-Jonas Pereira de Souza (casado com Iraci
Rolim de Souza) e 8-Maria Pereira de Souza Ramalho (Laiete, casada com Antônio
de Souza Ramalho).
Filhos do segundo casamento: (forma 7): 1-Severina Ferraz de
Souza (solteira), 2-Maria das Graças Ferraz de Souza (solteira), 3-Carlos
Pereira de Souza (casado com Eunice), 4-Geraldo Pereira de Souza (casado com
Margarida Bezerra de Souza), 5-Solange Pereira de Souza (casada com Elzo),
6-José Roberto Pereira de Souza (casado) e 7-Solani Pereira de Souza
(solteira).
Este grande vulto da História de São José do Belmonte é avô
materno da atual primeira dama do município Srª Maria Heliany Pereira Mariano.
Vicente de Souza França era um homem grande na estatura e
grande nos feitos. Corajoso, guerreiro e estoico navegou nos mares bravios da
existência para garantir o sustento e a educação de sua numerosa prole.
Possuidor de caráter firme e generoso era determinado e humanista.
Católico fervoroso, devoto de Nossa Senhora do Carmo, de São José, do Padre Cícero, encontrou na fé cristã grande aliada para superar um grande revés afetivo: em 20/12/1951, a perda do filho a quem batizara com o nome de Luiz Pereira de Souza que faleceu aos 25 anos de idade vitima de tuberculose. Dotado de caráter proativo atuou ativamente em serviços comunitários junto à população do Carmo e cercanias. Estava sempre pronto para servir a comunidade, não importava a hora do dia e da noite, se chovia, ventava ou fazia sol. Muitas pessoas vindas de várias localidades mais distantes e de municípios vizinhos tinham um porto seguro na casa de “Seu Souza”. Naquela época os deslocamentos eram muito precários, e na grande maioria das vezes eram feitos comumente nos lombos de animais e os caminhões só faziam a viagem uma vez por dia, assim, muitos almoçavam, jantavam e/ou pernoitavam na sua residência, sem que houvesse cobrança por isso – apenas como gentileza e a boa vontade que reinou sempre no seu lar. Este senhor, jamais se recusou também a auxiliar a parentes e amigos, basta lembrar como exemplo, que o lendário coronel Antônio Pereira viveu seus últimos dias no Povoado do Carmo sob os seus desvelados cuidados.
Católico fervoroso, devoto de Nossa Senhora do Carmo, de São José, do Padre Cícero, encontrou na fé cristã grande aliada para superar um grande revés afetivo: em 20/12/1951, a perda do filho a quem batizara com o nome de Luiz Pereira de Souza que faleceu aos 25 anos de idade vitima de tuberculose. Dotado de caráter proativo atuou ativamente em serviços comunitários junto à população do Carmo e cercanias. Estava sempre pronto para servir a comunidade, não importava a hora do dia e da noite, se chovia, ventava ou fazia sol. Muitas pessoas vindas de várias localidades mais distantes e de municípios vizinhos tinham um porto seguro na casa de “Seu Souza”. Naquela época os deslocamentos eram muito precários, e na grande maioria das vezes eram feitos comumente nos lombos de animais e os caminhões só faziam a viagem uma vez por dia, assim, muitos almoçavam, jantavam e/ou pernoitavam na sua residência, sem que houvesse cobrança por isso – apenas como gentileza e a boa vontade que reinou sempre no seu lar. Este senhor, jamais se recusou também a auxiliar a parentes e amigos, basta lembrar como exemplo, que o lendário coronel Antônio Pereira viveu seus últimos dias no Povoado do Carmo sob os seus desvelados cuidados.
Homem de ação, exemplo de fé e testemunho. Exercitou a
acolhida e generosidade junto a Capela de Nossa Senhora do Carmo e aos menos
favorecidos até sua partida final aos 69 anos de idade ocorrida no dia
14/02/1971.
Nas minhas incansáveis pesquisas sobre a
História de São José do Belmonte, conversando uma ocasião com o Sr. Hermes
Primo de Carvalho, ex-prefeito por dois mandatos e líder político no município
por longos anos, ele então comentou:“Souza foi vereador durante seis legislaturas.
Era um homem nobre, correto e ético. Convivi com ele e nossa amizade se consolidava
a cada dia. Ele era uma pessoa atenciosa, que tinha verdadeira paixão pela sua
comunidade, o Carmo. Nos seus mandatos, nunca gerou uma antipatia com seus
companheiros”.
Como forma de se preservar a história e homenagear aquele que contribuiu
de forma positiva para a humanidade com grandes exemplos, o Sr. Vicente de
Souza França tem também o seu nome eternizado como patrono de uma das nossas
tradicionais unidades de ensino do município, localizada no Distrito do Carmo.
Na referida sessão solene que denominou a sede do Legislativo de São
José do Belmonte de CASA VICENTE DE SOUZA FRANÇA, ao término da solenidade o
Sr. Deodato Pereira Nunes, primo de Seu Souza, declamou um poema que reflete
muito bem a filosofia de vida do homenageado:
“O homem que venceu na vida
é aquele que viveu bem,
é aquele que viveu bem,
riu muitas vezes e amou muito;
que conquistou o respeito de homens
inteligentes
e o amor das crianças;
e o amor das crianças;
que preencheu um lugar e cumpriu uma missão;
que deixa o mundo melhor do que encontrou,
seja como uma flor, seja como um poema
perfeito,
ou o salvamento de uma alma;
que procurou o melhor nos outros e deu o melhor
de si”.
Valdir José Nogueira de Moura
1 Comentários
Muito obrigada valdir a forma brilhante co
ResponderExcluirMuito obrigada Valdir, não tenho palavras para agradecer a forma brilhante como vc descreveu a vida política do meu pai. Fiquei muito emocionada, lisonjeada e agradecida,so um escritor de sua qualificação poderia descrever de forma tão brilhante e correta quem foi meu pai,o eterno seu Sousa. Muito obrigada Valdir. Um grande abraço.
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