Coluna do Magno Martins taxa Danilo Cabral de Coronel

 

O Coronel Danulo

O coronelismo é um fenômeno da política brasileira ocorrido durante a Primeira República. Os coronéis detinham o poder econômico e exerciam o poder por meio da violência e trocas de favores. O fenômeno foi tão presente que se confunde com outros termos relacionados hoje, tais como mandonismo e clientelismo.

Em Pernambuco, o maior deles, Chico Heráclio, reinou absoluto em Limoeiro, com forte prolongamento em Surubim, terra do deputado federal Danilo Cabral, escolhido pelo PSB para disputar a sucessão de Paulo Câmara e que parece ter herdado o lado perverso de Chico Heráclio.

Danilo é visto e tratado em sua terra como "coronel do asfalto", um coronel "contemporâneo", para ser mais preciso. Nem mesmo os aliados escondem esse lado carrasco dele. "Arrogante, não dá valor aos aliados que pedem voto para ele e não faz nenhum tipo de favor", diz um vereador do seu grupo, que pediu anonimato pelas circunstâncias naturais.

O coronel Chico Heráclio mandou na cidade do Limoeiro e afirmava que as eleições em sua cidade "tinham que ser feitas por mim". Danilo não está longe disso. Num pleito, já ficou no palanque contrário para derrotar a prefeita Ana Célia, aliada atual, parente bem próxima, candidata a vice-prefeita na época.

Quando esteve próximo de ser indicado pela primeira vez para disputar o Palácio das Princesas, em 2014, Danilo ganhou a alcunha de coronel por dois dos seus maiores inimigos e que tinham forte influência junto ao ex-governador Eduardo Campos: Guilherme Uchôa e Ettore Labanca. Foi a dupla, aliás, que removeu Eduardo da ideia de escolher Danilo no lugar de Paulo Câmara. Uchôa juntou 10 prefeitos e alguns deputados e chegou sem avisar ao gabinete de Eduardo.

Ao ser recebido, poucos dias antes de Eduardo anunciar quem seria o candidato a governador, Guilherme Uchôa deu seu grito de liberdade. "Tudo, governador, menos o "Coronel Danulo". Maior inimigo de Danilo, Uchôa usou a terminação nulo para associá-lo a nulidade", alegando que, quando secretário de Educação, não atendia deputado, prefeito, vereador, nenhum tipo de político. "O Danulo é uma nulidade para nós, com ele não vamos", protestou o ex-presidente da Alepe sob os olhares de aprovação de Labanca.

Poucos dias depois, o mundo político foi surpreendido com o anúncio de Paulo Câmara, então secretário da Fazenda, para disputar o Governo. Danilo, ou Danulo, disputava com ele e mais Tadeu Alencar. Adversário de Danulo e da prefeita Ana Célia, o vereador Doutor Vavá (Republicanos) diz que o deputado não tem relação com a cidade. "Nem casa ele tem em Surubim. Nada se conhece aqui do que fez pela cidade, além da sede do Ciretran, quando secretário de Cidades, e da Escola Técnica, que não foi obra sua, estava no projeto de Eduardo", diz Vavá. 

Segundo ele, Danulo estava com a reeleição ameaçada. "Até Matias e Vaguinho, vereadores do seu grupo, não iriam votar nele, mas em Ricardo Teobaldo", acrescenta Vavá. "O simpático da família é Nilton Mota, primo dele. Danilo não atende telefone e nunca aparece na cidade. Quando vem, volta no mesmo dia", diz Vavá. 

Na época de Chico Heráclio, aos olhos da população local, ser coronel era equivalente a ter um título nobiliárquico e passou a legitimar muitas das ações dos chefes locais. Esses homens distribuíam benefícios, patrocinavam a festa do santo local, eram padrinhos de inúmeras crianças que nascessem em suas terras e dava reses aos vaqueiros mais destacados. 

Assim, estabeleciam uma relação de dependência e temor com os empregados, chamada clientelismo. O "Coronel Danulo" não chega a tanto, mas tem assustado a tropa de plantão para levar o PSB a continuar reinando em Pernambuco.

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