Setênios: entenda a teoria e como trabalhar os "ciclos da vida"



Você já pode ter ouvido falar de biênio, triênio e até de quadriênio. Mas, por acaso, conhece os setênios?
Seguindo a lógica dos prefixos, até dá para imaginar o que seja, mas você se arrisca a dizer o que acontece de tão importante no período de sete em sete anos?
Quadriênio, por exemplo, é fácil. A Copa do Mundo acontece de quatro em quatro anos, as Olimpíadas também e o mesmo se repete com as eleições gerais no Brasil.
Mas e os setênios? Se você está curioso, vamos dar uma dica: tem a ver com os ciclos da vida.
Não ajudou muito? Melhor conferir o artigo que preparamos e tirar todas as suas dúvidas.
Boa leitura!

O que são os setênios?

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Sim, você estava certo. Setênios são ciclos divididos de sete em sete anos.
Até aí, tudo bem.
Mas o que acontece de relevante neste intervalo de tempo? Algum grande evento esportivo? Um festival de música importante? A escolha de algum líder de Estado em um país do G20?
Não, não é nada disso.

O número 7 e os ciclos da vida

Na verdade, o número sete – místico em diversas culturas – tem a ver com uma questão muito mais introspectiva: a vida de cada um de nós.
Este intervalo seria o tempo que levamos para absorver todo o conhecimento de um ciclo e partirmos, então, para novos desafios.

A teoria do setênios e a antroposofia

A teoria do setênios é parte de um conceito maior chamado antroposofia, idealizado pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner como uma forma de ler e interpretar a vida.

O que é antroposofia?

Segundo o próprio criador da antroposofia, o termo significa a passagem do conhecimento humano paro o restante do universo.
Em palavras menos rebuscadas que as de Steiner, primeiro, o homem precisa se conhecer para também procurar compreender o que está ao seu redor.
Ao dominar o individual, fica mais fácil ter uma noção do todo.
A antroposofia engloba diferentes áreas dos saberes, como a saúde, a agronomia e a educação, por exemplo.

A teoria dos setênios como orientadora de fases

Para ver a vida sob esse viés, foi criada a teoria dos setênios, que divide a nossa existência em ciclos de sete em sete anos.
A escolha pelo número sete não se deu por acaso e fui fruto de muitas observações a respeito do funcionamento da natureza e seus ritmos.
A cada ciclo, nós aprendemos com o anterior, desenvolvemos as habilidades previstas, assimilamos tudo isso e vamos para o próximo período de sete anos.
A teoria dos setênios, inclusive, pode ser dividida em três grandes fases:

  • Dos 0 aos 21 anos: fase do desenvolvimento físico. Nosso corpo vai se formando e amadurecendo. É também o período em que formamos nossa personalidade
  • Dos 21 aos 42 anos: fase das escolhas. Depois de ter vivido as experiências mais básicas, começamos a entrar, de fato, na sociedade e passamos a tomar nossas próprias decisões
  • Dos 42 em diante: fase da maturidade. Aprendemos com as nossas escolhas e estamos prontos para encarar a vida com mais sabedoria e espiritualidade.

Depois que vimos esse breve resumo, chegou a hora de analisarmos de maneira mais profunda como se dão cada um dos ciclos da nossa vida, divididos em setênios.
Pronto para começarmos?

0 a 7 anos: O ninho – a interação entre o individual (adormecido) e o hereditário

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Chamada de primeira infância, os primeiros anos da nossa vida são marcados pelo desenvolvimento do corpo – muito ligado à nossa cabeça, ponto mais alto e que nos faz refletir e pensar – e da nossa capacidade motora.
É quando, literalmente, cortamos o vínculo com as nossas mães e passamos a construir a nossa personalidade.
Obviamente, isso acontece de maneira muito incipiente e sujeita a muitas influências externas.
Ainda assim, mesmo tudo sendo primitivo, é um passo muito importante, pois começamos a conhecer nós mesmos.
Segundo defende a pedagogia Waldorf – aquela que usa a antroposofia como base em suas escolas -, o primeiro setênio deve ser o momento em que os pequenos possam perceber as perspectivas positivas do mundo.
Assim, eles vão gostar do universo que se apresenta e vão ter prazer de estar neste plano, cultivando a felicidade e os sentimentos bons por um longo tempo.
Além disso, esses primeiros setes anos precisam ser de muitas descobertas.
Por isso, os pais têm a responsabilidade de incentivar os filhos a testarem seus corpos e conhecerem seus limites.
Tentar deixar as crianças com o maior contato possível com a natureza, evitando ficar muito tempo em ambientes fechados, também é algo positivo para refletir e viver a espiritualidade de forma mais intensa.

7 a 14 anos: sentido de si, autoridade do outro

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Toda aquela energia presente na cabeça começa a se dissipar para o tronco durante o segundo setênio.
Pulmões e coração são os órgãos mais importantes deste ciclo, com a promoção dos sentimentos – seja internalizando ou os colocando para fora, como quem expira.
É uma fase na qual, apesar do despertar maior do nosso “eu”, ainda estamos muito conectados à opinião e aos ensinamentos do outro.
Professores e pais exercem um papel de autoridade muito presente e importante aqui.
É a partir do viés deles que a criança vai criando as suas próprias percepções.
É como se essas figuras fossem mediadoras da nossa visão de mundo.
Vale lembrar que abusar do rigor na educação pode levar os pequenos à crença de que a realidade é dura e cruel, sem espaços para brincadeiras e sorrisos.
Levar essa passagem de valores de uma forma mais leve, por outro lado, pode romantizar muito as coisas e não preparar e alertar os jovens sobre os perigos que os esperam na fase adulta.
A linha é tênue, mas cabe aos mestres encontrar o equilíbrio.
A autoridade, inclusive, pode desencadear características da saúde mental e física dos pequenos.
Por exemplo, se ela passa do ponto, é possível que leve a quadros de timidez e introversão no futuro.
Isso porque ela vai desenvolver mais a inspiração – colocando muitas informações e ordens para o seu interior – do que a expiração – deixando que o seu “eu” saia.
Falta de expiração também pode causar problemas respiratórios, como asma.
Uma criação mais libertária, sem toda a rigidez necessária, tem o efeito inverso: mais expiração, menos inspiração.
O resultado pode ser um quadro de extroversão desmedida, que faz com que a criança desconheça os seus limites e fraquezas.
Por isso, o equilíbrio é tão importante.
É preciso haver uma harmonia em todos os aspectos da criação para que comportamentos e hábitos saudáveis sejam desenvolvidos pelos pequenos.
As crianças também precisam se sentir parte do mundo para criar uma identidade.
Nesse sentido, brincadeiras lúdicas e jogos ao ar livre são preferíveis a videogames ou televisão, onde são apenas e expectadoras.
A arte e a religião também devem ser incentivadas aqui, no sentido de que o próprio jovem busque encontrar algo em que se identifique e não siga uma imposição dos pais.
Não é porque os responsáveis gostam de teatro e são católicos que seus filhos, necessariamente, também precisam ser.
Se eles se sentirem conectados, tudo bem. Mas é uma escolha pessoal.
Além disso, é importante enaltecer as diferenças. Não apenas artística e religiosa, mas social, racial e de orientação sexual.
Afinal, é no segundo setênio que conseguimos perceber e assimilar que os outros são diferentes.
Por isso, é fundamental estimular a tolerância desde cedo.

14 a 21 anos: puberdade/adolescência – crise de identidade

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Na sequência, vem a puberdade e o início da adolescência.
É um rompimento com o setênio anterior, onde os mediadores tinham uma importância fundamental na formação da nossa maneira de ver o mundo.
Não que essas figuras não tenham mais valor, mas chegou a vez de os jovens buscarem a tão sonhada liberdade.
Nossos corpos já estão quase ou totalmente desenvolvidos e as trocas com os outros são cada vez mais constantes.
O mundo já não é apenas a escola ou a família, mas sim um grande universo, com inúmeras possibilidades.
Nele, é preciso tentar encontrar o nosso novo “eu” e grupos em que nos sintamos parte.
Os binarismos da vida também estão muito presentes neste ciclo da vida.
A construção da realidade ideal – presente na fase anterior – começa a ser contrastada com a noção de real, aquilo que se vê, de fato, na prática.
A sexualidade e a política, por exemplo, passam a ser mais presentes na adolescência.
Para tentar encontrar um caminho a ser seguido, tão importante quanto o autoconhecimento é a sensação de pertencimento e o diálogo.
A troca de ideias, a abertura da mente e a busca pela compreensão do lugar do outro, praticando a solidariedade em diferentes situações, também são atitudes que devem ser incentivadas e desenvolvidas aqui.
Ainda pontuando sobre a sonhada liberdade, nossas decisões passam a ter protagonismo.
É neste setênio que escolhemos qual curso prestaremos vestibular e, muitas vezes, onde se inicia a carreira profissional.

21 a 28 anos: O “Eu” – a independência e a crise do talento

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Nosso “eu” tenta se estabilizar.
Se, por um lado, nossa formação corporal está completa, o crescimento mental ainda está em pleno desenvolvimento.
Neste setênio, normalmente, começamos a viver a liberdade idealizada na fase passada.
A saída da casa dos pais e o início da trajetória profissional são tentativas de escrever nossas histórias de próprio punho.
Todo o conhecimento adquirido nos outros ciclos é utilizado para pautar nossas escolhas, somado às influências que a sociedade nos impõe.
Encontrar o nosso lugar no mundo é o principal objetivo.
E a demora para encontrar esse espaço pode acarretar em ansiedade e frustração, sobretudo com relação à nossa carreira.

28 a 35 anos: fase organizacional e crises existenciais

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O quinto setênio é aquele que pode se apresentar como o mais complicado até então.
Não que os outros não tenham suas dificuldades, mas esta fase envolve muitas crises, que nos colocam em dúvida sobre o nosso papel no mundo.
A chamada crise dos 30 é a mais comum.
A cobrança em excesso, a sensação de impotência e os sentimentos de frustração e angústia são constantes.
Isso tudo acontece porque estamos em um ciclo que é um divisor de águas. Não somos mais jovens, mas também não estamos completamente maduros ainda.
A tendência é que tentemos nos transformar para nos enquadrarmos em determinado lugar.
Essa mudança pode vir através da elevação da espiritualidade e a busca pela harmonia entre todos os elementos da vida.
Por mais que esse período de crises seja atribulado, é por meio dele que também nos renovamos e aprendemos novas coisas.
Organizar a “casa”, refletindo sobre o passado e projetando o futuro – diante de todas as informações que agora possui -, é uma medida importante a se tomar.

35 a 42 anos: crise de autenticidade

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Todas as reflexões anteriores vão repercutir no setênio seguinte.
Agora, é a nossa autenticidade que está em jogo.
Com uma maior capacidade de julgamento, a construção da nossa maturidade e uma vida mais bem resolvida economicamente, começamos a nos perguntar: e agora, quais são os próximos passos? Como faço para encontrar a minha essência?
Por isso, o desenvolvimento da nossa alma entra em sua fase final aqui. Ele é muito favorecido pela desaceleração da vida.
Normalmente, neste ciclo, boa parte dos nossos objetivos já foram alcançados – a construção da família e estabilização da carreira, por exemplo -, dando mais espaço para investirmos em nossa espiritualidade.
O importante aqui é ocupar a mente com novas ideias, para que não haja um sentimento de que não há mais muito o que se fazer depois dos 40.
Vale ressaltar que, quando a teoria dos setênios foi criada, a expectativa de vida era muito menor que a atual. Hoje, 40 anos é praticamente a metade do nosso tempo de vida.
Então, nada de desânimo. Ainda há muita vida para se viver daqui para frente.

42 a 49 anos: altruísmo x querer manter a fase expansiva

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Depois de tantas dificuldades, é chegado o momento de recomeçar.
Afinal de contas, aquelas crises todas nem eram tão sérias assim e só serviram para tornar você uma pessoa melhor.
Ainda assim, aquela busca por algo novo, mencionada no final do setênio anterior, precisa ser intensificada aqui, para que possa encontrar outros sentidos na vida.
Mudar é preciso e, agora, você tem toda as ferramentas necessárias para isso. Aquele planejamento pode finalmente ser colocado em prática.
Da mesma forma, o sentimento nostálgico também aparece, contrastando com a procura por transformações.
Você lembra da adolescência com saudades, de um tempo que não volta mais.
medo de envelhecer faz com que desafiemos nossos corpos para, de alguma forma, revivermos a nossa juventude de anos atrás.
As rugas e a falta de vigor chegam de forma implacável, mas nada que não possa ser superado com muita autoestima.
Não deixa de ser uma fase contraditória. Pois, ao mesmo tempo em que buscamos mudanças, tentamos resistir às modificações impostas pelo tempo.

49 a 56 anos: ouvir o mundo

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Marcada pela aceitação de nós mesmos, este setênio tem como principal destaque a positividade.
A segurança em relação ao nosso íntimo nos permite olhar os outros e ouvir o mundo.
Sentimentos como ética, moral e preocupações universais com causas de natureza humanística são reforçadas.
O valor simbólico das coisas também é despertado graças ao existencialismo.
Se formos analisar em termos fisiológicos, voltamos à fase dos 7 aos 14 anos, quando uma rotina deve ser criada e conduzida da melhor forma possível.
Quem foi que disse que depois do 50 não se aprende nada de novo?
Este ciclo fica marcado pelo desenvolvimento de uma nova audição.
Podemos ouvir o nosso coração para tomarmos decisões que nos guiem neste caminho de moralidade que se apresenta.

56 a 63 anos: (em adiante) abnegação/sabedoria

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O último dos setênios, segundo a antroposofia, também é aquele que se relaciona com o início, mais precisamente com a primeira fase, até os sete anos.
Nossos sentidos se igualam e tudo fica estranho e novo. O interno se sobressai em relação ao externo e a reflexão é uma tendência.
Você começa a se isolar um pouco mais para procurar a sua essência, depois de toda a sabedoria acumulada diante dos anos.
Alguns sentimentos como tristeza e arrependimento podem vir à tona, caso você não tenha alçando algo que desejava no passado.
Mas ainda há tempo, nunca se esqueça disso.
Mais do que nunca, os cuidados com a saúde mental e física são indispensáveis.
Estimular a memória, praticar esportes e fazer alguma atividade que ocupe sua rotina depois da aposentadoria ajudam a manter o seu dia a dia movimentado.

Conclusão

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E você, em que ciclo da vida está? Já se deparou com algum dos desafios do seu setênio?
Independentemente da fase em que esteja, nunca se esqueça que ela tem desafios, mas também coisas boas. Tudo faz parte de um constante desenvolvimento.
O segredo é aproveitar cada momento ao máximo, aprendendo e tirando o máximo de lições possíveis, seja de sete em sete anos ou da maneira como você quer dividir a sua vida.
Nessa jornada, vale conhecer a metodologia de coaching e as contribuições dela para o seu desenvolvimento a partir de novas habilidades e competências.
Esse processo pode ser decisivo para você se aproximar dos seus objetivos em cada um dos setênios da vida.
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