Por Fernando Castilho do JC Negócios
Especial para o Blog de Jamildo
Especial para o Blog de Jamildo
Aqui para nós, ninguém nem mais se lembrava dela. Aquela camisa amarela era a mesma do 7×1 da Alemanha. Estava lá no fundo da gaveta, lavada e passada, mas escondida. Quem se atrevia a olhar para ela no fim de semana? Aquela lembrança daquele domingo estava adormecida. Envolvida num gel mental de forma a se mantivesse inativado.
Por isso muita gente neste domingo precisou, primeiro encontrá-la, segundo, vencer o medo. Dá azar? Deu em 2014! Será que não é levar energia negativa para a rua? Vai ver que só eu estarei nessa passeata que esse pessoal do “Zap-Zap”, do “Tuiti” e do “Feicibuque” está convidando com camisa amarela e escudo da Seleção? Vão dizer que dou azar!
Mas não tinha outra camisa melhor para expressar o que o cidadão estava sentido. Depois das camisas vermelhas de sexta-feira tinha que ser amarela. Então se não tu, vai mesmo. E lá se foi o cidadão, eleitor, contribuinte e protestante confiante de que alguma coisa deve mudar. Precisa mudar.
Está difícil. A inflação estourou o orçamento já em janeiro. Comprar comida está virando de novo tema de conversa de família. O carrinho está ficando cada dia mais vazio. Fazer Bompreço virou fazer maior preço. Não era isso que Dilma prometeu. Ela não disse que as coisas estariam tão ruins. Todo mundo saiba que não estava bem, mas o que ela dizia era que não seria assim tão difícil.
E lá se foi a família vestida de verde e amarelo seleção brasileira. Brasileira? Sim, teve gente que voltou a cantar o Hino Nacional com a mesma emoção do jogo da estreia em junho. Da estreia. Teve gente que nem sabia mais as estrofes. Mas na Avenida Boa Viagem o clima era de festa. Tinha gente de todo tipo e de todas as classes. Gente do andar de cima e do andar de baixo. Gente irritada e com raiva e gente que só queira dizer: estou aqui para dizer que alguma coisa tem que ser feita.
Deu entupimento no “Zap-Zap” e no “Feicibuque”. E tome Selfie. Todo mundo trocando mensagem e vendo o que acontecia nos demais estados. Gente de todo tipo. Gente até querendo a volta dos militares. Pode? Os militares não querem voltar. Querem orçamento e melhores condições de trabalho. Estão preocupados com a falta de atuação do Brasil nas fronteiras. Nos quartéis a conversa é bem outra.
Tinha gente achando que se a passeata fosse bem grande a presidente caia amanhã. E tinha gente que estava gostando do frege. Mulher bonita secando os manos. Homem sarado, com camisa colada no corpo, para as mulheres avaliarem as medidas. E tinha gente do sexo masculino e do sexo feminino olhando pessoas do sexo masculino e do sexo feminino.
Mas no geral a conversa era séria e patriota. Ontem, foi dia de político que está em sintonia com o sentimento das ruas se dar bem. Como sexta-feira foi dia de muito político cumprir tarefa. Inventado desculpa de que os protestos têm que ser pacíficos. É cara. Quando o vento muda rumo é difícil navegar.
Amanhã a gente ver o que faz daqui para frente. O protesto que saiu da internet e das redes sociais passou no teste.
Eu acho que passou.
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